O tema - Lendo a Bíblia como Literatura - presente nos "auxílios" da Bíblia de Estudos NAA, pg. 2454, chamou-me a atenção, pesquisei pelo autor e conheci algumas de suas obras.
Se há uma coisa que a Bíblia não é, afirma Leland Ryken, PhD, University of Oregon, "é um esboço teológico com provas textuais anexadas". E considerando que Bíblia é um livro misto - escritos literários e não literários (expositivos) existem lado a lado, ela (também) deve ser lida no sentido literário - exposto a seguir - e não apenas interpretada. Suas verdades estão incrustadas como joias nos estratos ricos de histórias e poesia, metáfora e provérbio, parábola e letra, sátira e simbolismo.
Quando pediram para Jesus definir o próximo, ele contou uma história (Lc10.25-27). Em vez de definir o próximo de maneira abstrata ou proposicional, Jesus preferiu nos contar uma história que o personifica, isso sugere, desde o princípio, aquilo que é mais importante sobre literatura: o seu assunto é a experiência humana e não as ideias abstratas. A narrativa é contada com riquíssimo talento literário. Ela segue o princípio da tripla repetição: certo acontecimento ocorre três vezes (três personagens se deparam com o viajante atacado por ladrões) com uma mudança significativa na terceira vez, o uso hábil de uma técnica literária realça de modo muito mais nítido a boa ação do samaritano ao compará-la com a indiferença do sacerdote e do levita.
O conhecimento ou a verdade que a literatura nos traz é uma percepção de realidade ou da verdade como ela realmente é vivenciada.
De fato, Nosso Senhor também apontou para a vivencia experiencial ao responder a discípulos de João Batista quando estes lhe indagaram se Ele era realmente Aquele que havia de vir: Lucas 7:22 "Ide e anunciai a João o que tendes visto e ouvido: os cegos veem, os coxos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e aos pobres anuncia-se o evangelho." Lucas 7:22, ou seja, Jesus declara que a resposta que deverão levar não é apenas um breve "sim" mas uma precisa descrição da realidade que vivenciaram. Ainda, quando foi mais breve ao revelar-se para a Samaritana: "Eu sou o Messias" concluiu "eu que falo contigo." Jo 4.26
O conhecimento ou a verdade que a literatura nos traz também é uma percepção de realidade ou da verdade como ela realmente é vivenciada. A literatura demonstra a experiência humana em vez de discorrer sobre ela. Ela é personificada e lida com ações, em lugar de apenas conceitos, sua tendência é a de incorporar a experiência humana e não a de formular ideias por meio de proposições intelectuais.
Enfim, segundo o autor, uma perspectiva da Bíbilia como literatura significa que ao lê-la, devemos recriar as experiências, as sensações e os acontecimentos nela retratados. A proposta nos exorta a sermos sensíveis ao seu lado experiencial e dessa forma, resistirmos a tendência de transformar cada uma das passagens do Texto Sagrado em uma proposição teológica, como se fosse unicamente para este fim que a passagem existisse. Afinal, se há uma coisa que a Bíblia não é, reafirma o autor, é um esboço teológico com provas textuais anexadas.

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