Entre o Calvinismo, o Arminianismo e a Lógica

Foi C.S Lewis quem disse haver somente duas espécies de homens - aqueles como nós, que dizem sempre a Deus: "seja feita a Tua Vontade, tanto na terra como no céu", e aqueles a quem Deus diz, seja feita a sua vontade. Que pela Graça de Deus  sejamos sempre os do primeiro grupo, aqueles que com liberdade ou não,  desejam de todo coração que a vontade de Deus sempre prevaleça.

Não creio que o homem sempre tenha liberdade de escolha, principalmente nas raras ocasiões em ele faz a escolha certa, pelo menos não parece que tenha sido assim na conversão de Paulo de Tarso, por exemplo. Todavia, tenho como um erro lógico daqueies que evocam a lógica ao afirmar que a Soberania Divina seja incompatível com a liberdade humana de decidir,  visto que  Deus é soberano inclusive para conceder tal liberdade aos homens quando esta  for a Sua Santa Vontade. 

Uma pergunta é necessária -  como alguém que só pode conceber as coisas Divinas dentro da perspectiva de sistemas limitados pela lógica humana, irá acreditar que 5 pães e 2 peixes alimentaram mais de 5 mil pessoas?! São semelhantes aqueles saduceus, que por meio de sua narrativa lógica, tentaram refutar a ressurreição dos mortos diante de Nosso Senhor, que lhes respondeu: "Errais, não conhecendo as Escrituras e nem o poder de Deus!"

Entre Calvinismo, Arminianismo, Molinismo... talvez o melhor seria uma Triagem Teológica a fim de nos unir em torno daquilo que é Fundamental no Cristianismo Bíblico da Fé Reformada, nem TULIPAS, nem FACTS mas somente  5 SOLAS: A salvação dos pecadores se dá pela Graça de Deus somente, por meio da Fé somente, em Cristo Jesus Nosso Senhor somente, conforme as Escrituras somente e para a Glória de Deus somente.

E sobre as questõs que por enquanto estão acima de nosso entendimento, que continuemos bíblicos, e  ouvindo as Escrituras, sejamos como o salmista:

¹ Senhor, o meu coração não se elevou, nem os meus olhos se levantaram; não me exercito em grandes assuntos, nem em coisas muito elevadas para mim.

² Decerto, fiz calar e sossegar a minha alma; qual criança desmamada para com sua mãe, tal é a minha alma para comigo.

³ Espere Israel no Senhor, desde agora e para sempre. 

Salmos 131:1-3

Qual deles O amará mais?

O mundo seria um lugar justo se a equidade fosse proporcional à quantidade de juízes que nele encontramos, no entanto no mundo, justiça é o que menos parece haver.

Mesmo assim, será que no mundo existe alguém tão perdido que Cristo não possa salvar? 

Mil vezes não! 

"Aos homens é isso impossível, mas a Deus tudo é possível." 

Mateus 19:26

Que não julguemos como Simão Lc7.39, pois aquele de quem a dívida maior foi perdoada, tende também a ter maior amor por Aquele que lha perdoou. Lucas 7.40-43. 

E como é impossível a cada um de nós pagar o que deve a Deus, Salmos 49.7-8, que cada um de nós amemos ao próximo como a nós mesmos pois este é o segundo mandamento mais importante de todos Mt22.39, cuja observância é consequência necessária naqueles que cumprem o primeiro - Deut.6.5, porque o amor ao próximo é uma das formas de amar a Deus: 

"E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que, quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes." 

Mateus 25:39,40

 

Um olhar de Calebe

 

Tudo aquilo descrito nas promessas Daquele que criou todas as coisas por meio de Sua Palavra já constituem o conjunto de coisas as quais chamamos realidade tal é a fidedignidade de Quem o disse.

Dos 12 espias enviados pelo Senhor para serem testemunhas da terra prometida apenas dois, Josué e Calebe honraram a Palavra do Senhor e por isso, de todos eles somente estes, Josué e Calebe a alcançaram. Depois de uma jornada de 40 anos no deserto, já na Terra que fora prometida, agora conquistada conforme a Palavra do Senhor, Calebe declarou a Josué: 

"Eu tinha 40 anos quando Moisés, servo do Senhor, me enviou de Cades Barneia para espiar a terra. E eu lhe relatei o que estava no meu coração." Josué 14.7

Notemos e guardemos -  ele diz ter relatado não o que esteve diante de seus olhos, mas aquilo que estava no seu coração. 

Como nós, decaídos pecadores,  teremos coisas boas em nossos corações se o Senhor, nosso Deus não as colocar lá por meio de sua Palavra? Através de sua Palavra, Deus nos mostra uma esperança, uma promessa exatamente como fez a Calebe: Perdão dos Pecados, Vida Eterna,  novos Céus, nova Terra, um lugar que Ele próprio nos prepara, e como está escrito: "Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam." 1Cor 2.9 não temos uma percepção como a dos 10 espias que foram enganados pelos seus olhos, mas temos a mesma Palavra infalível e fidedigna do mesmo todo poderoso Deus que estava no coração de Josué e Calebe. 

O que acontecerá quando vier a perseguição, provações, perdas, rejeição...? que espécie de espia seremos nós? Aquele que apenas testemunha aquilo que está diante de seus olhos naquele momento, sobre o qual, aliás, Deus também já nos preveniu,  ou aquele que se alegra no futuro próximo que o Senhor nos prometeu através de  Sua infalível Palavra?

"Por isso Hebrom passou a ser de Calebe, filho de Jefoné, o quenezeu, em herança até o dia de hoje, visto que havia perseverado em seguir o Senhor, Deus de Israel." Josué 14.14

Ouçamos as Palavras de Nosso Deus e as guardemos em nossos corações.

Sola Scriptura

Se dedicar às Escrituras que são as Palavras de Nosso Deus é como ouvir diariamente de Nosso Senhor o que Ele disse a mulher samaritana para quem se reveleu explicitamente: 

"𝑬𝒖 𝑺𝒐𝒖 𝒐 𝑴𝒆𝒔𝒔𝒊𝒂𝒔! 𝑬𝒖, 𝒒𝒖𝒆 𝒇𝒂𝒍𝒐 𝒄𝒐𝒏𝒕𝒊𝒈𝒐!" Jo 4.26

Quando a fé falta a um cristão...

Aquilo que alguns chamam  ciência afirma que algo infinitamente maior e mais complexo pôde ser criado pelo caótico acaso de uma pós explosão. Eu não tenho fé o suficiente para crer nisso.

A Bíblia e a Literatura

 O tema - Lendo a Bíblia como Literatura - presente nos "auxílios" da Bíblia de Estudos NAA, pg. 2454, chamou-me a atenção, pesquisei pelo autor e conheci algumas de suas obras.

Se há uma coisa que a Bíblia não é, afirma Leland Ryken, PhD, University of Oregon, "é um esboço teológico com provas textuais anexadas". E considerando que Bíblia é um livro misto - escritos literários e não literários (expositivos) existem lado a lado, ela (também) deve ser lida no sentido literário - exposto a seguir - e não apenas interpretada. Suas verdades estão incrustadas como joias nos estratos ricos de histórias e poesia, metáfora e provérbio, parábola e letra, sátira e simbolismo.

Quando pediram para Jesus definir o próximo, ele contou uma história (Lc10.25-27). Em vez de definir o próximo de maneira abstrata ou proposicional, Jesus preferiu nos contar uma história que o personifica, isso sugere, desde o princípio, aquilo que é mais importante sobre literatura: o seu assunto é a experiência humana e não as ideias abstratas. A narrativa é contada com riquíssimo talento literário. Ela segue o princípio da tripla repetição: certo acontecimento ocorre três vezes (três personagens se deparam com o viajante atacado por ladrões) com uma mudança significativa na terceira vez, o uso hábil de uma técnica literária realça de modo muito mais nítido a boa ação do samaritano ao compará-la com a indiferença do sacerdote e do levita.

O conhecimento ou a verdade que a literatura nos traz é uma percepção de realidade ou da verdade como ela realmente é vivenciada.

De fato, Nosso Senhor também apontou para a vivencia experiencial ao responder a discípulos de João Batista quando estes lhe indagaram se Ele era realmente Aquele que havia de vir: Lucas 7:22 "Ide e anunciai a João o que tendes visto e ouvido: os cegos veem, os coxos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e aos pobres anuncia-se o evangelho." Lucas 7:22, ou seja, Jesus declara que a resposta que deverão levar não é apenas um breve "sim" mas uma precisa descrição da realidade que vivenciaram. Ainda, quando foi mais breve ao revelar-se para a Samaritana: "Eu sou o Messias" concluiu "eu que falo contigo." Jo 4.26

O conhecimento ou a verdade que a literatura nos traz também é uma percepção de realidade ou da verdade como ela realmente é vivenciada. A literatura demonstra a experiência humana em vez de discorrer sobre ela. Ela é personificada e lida com ações, em lugar de apenas conceitos, sua tendência é a de incorporar a experiência humana e não a de formular ideias por meio de proposições intelectuais.

Enfim, segundo o autor, uma perspectiva da Bíbilia como literatura significa que ao lê-la, devemos recriar as experiências, as sensações e os acontecimentos nela retratados. A proposta nos exorta a sermos sensíveis ao seu lado experiencial e dessa forma, resistirmos a tendência de transformar cada uma das passagens do Texto Sagrado em uma proposição teológica, como se fosse unicamente para este fim que a passagem existisse. Afinal, se há uma coisa que a Bíblia não é, reafirma o autor, é um esboço teológico com provas textuais anexadas.